quarta-feira, 24 de setembro de 2008


The Love Religion

"The inner space inside
That what we call the heart
has become many different
living scenes and stories.

As pasture for sleek gazelles,
a monastery for Christian monks, 
a temple with Shiva dancing, 
a kaaba for pilgrimage.

The tables of Moses are there, 
the Qur'an, the Vedas, 
the sutras, and the gospels.

Love is the religion in me.
Whichever way the love's camel goes, 
that way becomes my faith, 
the source of beauty and light
of sacredness in everything".

Ibn Arabi.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Love and Devotion!


Quando espero pela minha vez para entrar no Shala, sentada no hall de entrada, posso observar e sentir a prática de uma outra perspectiva. Vejo uma sala cheia, pulsante, quente. Numa curiosa coreografia, encenada sobre o fundo colorido dos tapetes e iluminada pela luz branca da manhã tropical, dezenas de pessoas, movimentam uma energia poderosa. Cada uma olha para dentro de si, no entanto, quando as observo individualmente, tenho a sensação que cada uma delas ocupa toda a sala. Comigo, outras pessoas esperam. Entram, sentam-se. Ninguem ousa nem ninguem quer  falar. Só se ouve o shala respirar. Inspirar, expirar. Muito forte.
Somos pessoas dos quatro cantos do mundo, de todas as raças, de todas as idades. Tantas vidas, tantos passados, tantas energias, tantas motivações. Naquele momento e na hora seguinte, existe um ponto em que nada as distingue de mim. Em que nada as distingue das pessoas que praticam dentro da sala. Quando a prática nos toma, quando somos tomados pela prática, quando nos entregamos. 
Recordo-me de uma conversa recente, na qual várias pessoas discutiam a relatividade de todos os assuntos em virtude da perspectiva do observador. Contaram-me, então, uma história sobre o Guruji. Uma das primeiras ocidentais que veio praticar com o Guruji, há cerca de 2o ou 30 anos, aquando de uma das suas estadias em Mysore ficou severamente doente, com um febrão que a levou ao hospital por 2 semanas. Quando regressou à prática, explicou a sua ausencia relatando o sucedido. Com um sorriso o Guruji respondeu: " Yoga fever, very good! Now the heart is open". Olho para dentro do shala e observo o ritmo lento, denso, da coreografia. Cada um pratica individualmente, mas a energia é a mesma, a devoção é a mesma, o amor é o mesmo.  Olho à minha volta e vejo rostos tão diferentes. E passados, energias, idades, raças. E o que nos traz aqui? Love and devotion...!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Mantra Final



Om
svastiprajabhyah paripalayantam nyayena margena mahim mahisah lgobrahmanebhyah subhamasyu nityam lokasamasta sukinobhavantu ll
Om shanti shanti shanti

Tradução Inglesa

May all be well with mankind.
May the leaders of the earth protect in every way by keeping to the right path.
May there be goodness for those who know the earth to be sacred.
May all the worlds be happy.

sábado, 13 de setembro de 2008

Meninos da India


Na luz que atravessa as palmeiras ao vento, no cheiro das manhãs, nos sorrisos das pessoas, no andar das senhoras, na religiosidade quotidiana, na intensidade da prática, no explendor das cores, na variedade dos olhares, na generosidade e cuidado com os animais, no endeusamento dos bébés, nos pequenos rituais matinais, na riqueza filosófica e na densidade psicológica, no panteão hindu, a subtileza da música, no excesso das celebrações, no odor do tchai, no poder das monções, na exubrancia verde dos arrozais, na delicadeza das superficies cobertas a flores de lótus, no poder das nuvens que se erguem tão alto, na monção, no legado espiritual e religioso, na delicadeza dos poemas, no incenso nas ruas, na arte da escultura, na beleza das mulheres, esta India é um cantinho de Deus. 
Em cada instante, na paz de cada dia, nos pormenores de cada lugar. Mas há dias em que não dormimos, em que as imagens das crianças que andam na borda das estradas acarretando agua, das meninas que britam pedra todo o dia, dos bébés escandalosamente magrinhos deitados no chão, nos atormentam em interrogação. Como podem coabitar estas imagens, entre o maravilhoso sublime e a miséria tão dura. O importante da interrogação centra-se nas respostas e soluções que nos pode trazer. Aqui em Mysore há dezenas de orfanatos com terriveis condições, e todos os dias vemos crianças a trabalhar duramente: da mercearia à construção civil. Falta tudo. Do elementar afecto à agua e comida. Investiguei algumas modalidades de ajuda e encontrei algumas situações que nos mostram que é possivel ajudar de qualquer parte do mundo, em qualquer momento. A Operation Shanti - www.operation-shanti.org/trabalha aqui em Mysore, é uma organização fiavél e edónea. Vejam do que vos falo aqui: www.youtube.com/watch?v=aKU-tOnEVy8.

Que possamos sentir que cumprimos aquilo com que nos comprometemos todos os dias, em cada prática -  que todos os seres sejam felizes.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Beg...



Há quinze anos que o Beg todos os dias estava, desde muito cedo (antes do amanhecer) à porta do shala novo (ou anteriormente, no coconut stand perto do shala de Laksmi Puram), pronto com 70 a 150 côcos (consoante as épocas), a satisfazer a sede de quem mais precisava.
Todos os dias após uma prática intensa, ao sair a porta do shala eu avistava, do cimo das escadas, o Beg e os deliciosos côcos verdes na sua furgoneta azul.  Antes de cumprimentar quem  quer que fosse, era a este homem a quem me dirigia e desejava os bons dias. E de quem eu recebia um enorme sorriso acompanhado de um braço estendido, com um côco acabado de abrir com a maior precisão. Eram cinco côcos que bebia todas as manhãs e o Beg não falhava na conta...a sua atenção era incrível, e o cuidado o maior, para que todos tivessem o mais rapidamente possível uma àgua de côco em suas mãos...
Descansa em Paz Beg...


segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Ganesh Festival








À porta do templo amontoram-se os sapatos e os chinelos, tantos, de tantas cores, tamanhos e formas. Vezes sem conta o sino tocou,  o pooja foi feito. As ruas encheram-se de música e luz, até o Shala fechou. As mulheres jejuaram, as senhoras vestiram maravilhosos saris, as meninas enfeitaram-se de pulseiras e brilhantes. As familias reuniram-se, cozinharam-se iguarias, as portas cobriram-se de novas coroas de flores, ruas foram fechadas, as bandas tocaram e aceleraram, os homens dançaram. 
O calendário indiano é pautado por dezenas de festivais. Nas últimas semanas foi a vez do Festival dedicado a Ganesh - o Deus com cabeça de elefante, Deus da Sabedoria, da Prudencia e da Prosperidade demolidor de todos os obstaculos, o filho de Shiva e Parvati. 
Prolongando-se por dez dias, este é um dos mais populares festivais da India,  celebrando a partir do quarto dia "da metade luminosa de Bhadrapad ( Agosto/Setembro)" o nascimento do Lord Ganesh. Este festival, tem uma expressão comunitária e uma expressão familiar, privada. A ambos, corresponde o cumprimento de rituais semelhantes, mas com uma escala distinta. Nomeadamente a aquisição de representações de Ganesh em barro e a sua posterior emersão e a preparação, oferenda e  distribuição de doces.
Em Karnataka, onde se encontra Mysore, à semelhança de muitos outros estados da India,  é costume que cada familia compre (no dia que precede o incio do festival) uma representação de Ganesh em barro e que o emerja em água no ultimo dia do festival ( em Bombaim o festival termina com a emersão de um momumental Ganesh no mar, reunindo na praia milhares de pessoas). A cada altar espalhado pela cidade, e em cada templo dedicado a este Deus, são feitas oferendas de comida, doces e em particular o Modak ( prato ritual, doce, confecionado com amendoas, pistachios, açúcar e essência de rosa) e flores. Findo o festival, as oferendas são distribuidas pela comunidade como Prasad.  Em cada casa, por sua vez, em cada dia do festival é elaborado um doce diferente, oferecido ao deus e distribuido como prasad aos membros da familia e aos amigos. 
O proximo festival é já no fim do mês. Centenas de elefantes luxuriosamente ornamentados, peregrinos dessa India fora, chegarão ao Palácio. E nós vamos estar lá, para os receber!
  

domingo, 7 de setembro de 2008

Yoga na Gravidez. Gravidez consciente e parto activo

Os beneficios do Ashtanga Yoga são inegáveis, independentemente da condição de quem o pratique. Enquanto sistema dinâmico é dotado de uma organicidade que lhe permite uma adequação a cada praticante - seja pelo grau de intensidade, seja pela selecção das posturas.
A gravidez no seu curso -  pautada por distintos momentos aos quais correspondem estados fisicos e emocionais diversos, é por excelencia o momento de toda a potencialidade, energia e interiorização, cuja apoteose - no momento do parto, representa uma experiência de valor incomparável, para a mãe e para o bébé.
Se a gravidez por si deve ser vivida de forma integral e consciente é também durante este periodo que o parto deve ser preparado. Em ambos os momentos, a consciencia do corpo, da respiração e das emoções sao aspectos essenciais para o bem estar da mãe e do bébé.
Enquanto pratica de interiorização e tomada de consciencia do corpo, a prática do Yoga traz inumeros beneficios para a mãe e para o bébé durante a gestação. Aos beneficios fisicos associados à melhoria da circulação sanguinea e controlo da pressão arterial, à optimização da condição fisica, ao alongamento da região lombar, ao controlo do peso, ao exercicio do assoalho pélvico e ao treino da respiração, correspondem os beneficios emocionais do relaxamento, da tomada de consciencia do corpo e da consequente - e fundamental - naturalidade da relação da mãe com todas as alterações fisicas e emocionais que a gravidez representa. Por sua vez, todos os beneficios enumerados, concorrem para o bem estar do bébé e para a construção da experiencia de um parto consciente e activo. Seja em função do enfoque na respiração profunda e controlada - que constitui a base de toda a prática, seja pelo do treino do relaxamento localizado e pela prática de uma concentração relaxada cordenando trabalho muscular localizado e respiração. Naturalmente, toda a consciencialização e interiorização desenvolvidas e experimentadas pela prática do Yoga, conduzem a uma recuperação pós-parto mais rápida e eficaz. Pela minha experiencia, que pratiquei até à 36ª semana de gravidez, posso afirmar que a prática do Yoga contribuiu determinantemente para o meu bem estar durante a gravidez, para o sucesso do meu parto natural ( em casa e sem qualquer intervenção médica) e para a minha rápida recuperação pós-parto.
Sendo cada gravidez e cada parto momentos de intensidade e natureza impar na vida das mães, dos bébés e dos pais, desejo a todas as mulheres uma gravidez consciente e um parto activo!


Alguns links interessantes sobre a matéria:

http://ashtanganews.com/2006/06/06/ashtanga-during-pregnancy-one-ashtangis/experience/
http://yoga.about.com/od/prenatalyoga/a/prenatalintro.htm
www.activebirthcentre.com.
http://www.holistika.net/parto_natural/parto_fisiologico/entrevista_con_el_dr._frederick_leboyer.asp

Algumas referencias bibliograficas:

Balaskas, Janet:
New Active birth, 2004.
Preparing for Birth whith yoga, Harper Collins, 2003.
Leboyer, Frederick :
Birth Without Violence
(1975) ( recensao e disponivel em http://www.rawfoodinfo.com/catalog/books_BirthWithoutViolence.html)
Loving Hands: The Traditional Art of Baby Massage
(1976)
Inner Beauty, Inner Light
(1978)